Finalmente podemos lhes mostrar a entrevista completa que há uma semana foi publicada no site oficial do Dragon Ball, a qual tem como protagonista o compositor da trilha sonora para o próximo filme, Norihito Sumitomo. O mesmo estreou na franquia de DB compondo a trilha sonora para a saga de Majin Boo em DB Kai, e desde então tem sido um fixo por lá, estando presente em BoG e FnF, assim como na série DB Super. Ele também trabalhou na série Shikabane Hime (Corpse Princess), e nos filmes Aysura e Thermae Romae, além de monitorar a trilha sonora para o filme o Professor Layton e a Diva Eterna.
Norihito Sumitomo no filme do Dragon Ball Super.
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● P: Conte-nos como você se aproximou da série Dragon Ball.
○ Sumitomo: Assistindo a série animada de TV quando era estudante do ensino médio. Me cativou de imediato. Durante um tempo vivi na América e não consegui segui-la, mas quando voltei para o Japão certifiquei-me de o ver todas as semanas. Era um programa que foi capaz de entreter não só as crianças, mas também os adultos daqueles tempos, por isso foi edificante para mim ver essa série (risos). Ainda me lembro vivamente de algumas das pistas da trilha sonora. Ao ser já um aspirante a músico nesses dias, eles ficaram pregadas nos meus ouvidos.
● P: Começou a trabalhar para essa série em Dragon Ball Kai para a saga Majin Boo. Conte-nos o que sentiu quando trabalhou pela primeira vez no mundo do Dragon Ball.
○ Sumitomo: Quando me chamaram pela primeira vez para trabalhar em Dragon Ball ainda era um homem jovem [no campo da música], por isso, não pude evitar me perguntar se estaria à altura. Dessa forma ainda via Dragon Ball com os olhos de um fã, por isso simplesmente não conseguia imaginar como seria capaz de integrar minha música em uma série assim. Foi uma verdadeira honra para mim, mas ao mesmo tempo senti muita pressão, pois temia irritar os fãs de todo o mundo.
● P: Quando você começou a trabalhar no Dragon Ball Kai recebeu pedidos específicos do produtor Hayashida?
○ Sumitomo: De certa forma, sim... no início, o Sr. Hayashida me disse para começar testando com "compor qualquer coisa", me fazendo trabalhar com uma certa liberdade. O Mestre Shunsuke Kukichi, que trabalhou na trilha sonora de Dragon Ball Z, usou habilmente instrumentos de vento [instrumentos como trombetas, trompas, trombones e tuba, etc.] para criar um mundo próprio; um mundo que não era nem clássico nem pop. Suas pistas para mim representavam a imagem musical do Dragon Ball, então primeiro tentei me livrar dessa "convicção". Só então consegui começar do zero e pude tocar [/ fazendo algo novo de mim] a saga de Majin Boo. Desde então, eu consegui compor tanto para os filmes como para a série de TV Dragon Ball Super, por isso acho que no final a confiança posta em mim [pelos produtores] foi recompensada (risos).
● P: O que você sentiu uma vez que você foi contratado para compor a trilha sonora de "Dragon Ball Super - Broly"?
○ Sumitomo: Alegre e eufórico (risos). Ao concluir a série animada de Dragon Ball Super, pensei com tristeza que acabou, por isso, estou feliz por poder continuar compondo para esta franquia.
● P: Por onde você começa ao compor sua música?
○ Sumitomo: Para a série de TV eu acho uma série de músicas fixas que depois serão adaptadas à transmissão. Para dar-lhes alguns exemplos, se eu sei que uma pista será usada para cenas sérias, eu me garanto que supere os dois minutos e meio, enquanto para as cenas cômicas eu reduzi o tempo a apenas trinta segundos. Eu escrevo músicas baseadas em uma lista de ordens pré-organizadas. No caso de um filme, pelo contrário, primeiro é decidido a ordem das cenas e depois a lista das pistas que serão associadas a cada uma. No decorrer de meia hora avançamos, em ordem, da 1ª parte para 2ª parte. É totalmente diferente da série de TV, onde escrevo músicas que não sei em que ordem [e como] serão usadas.
● P: Então, para o filme, você compôs músicas que se ajustam a cada uma das cenas.
○ Sumitomo: Sim, fiz as músicas em ordem sequencial a partir da 1ª metade [primeira cena - primeira música]. Uma vez que terminei com a música, passei para a próxima cena. Broly vai aparecer quase desde o início do filme e a sua personagem mudará gradualmente ao longo da história. Em resposta, o estilo da trilha sonora irá evoluir por sua vez. Por esta razão, eu não queria começar desde o clímax: é difícil escrever sobre uma mudança do qual não se conhece a origem. Se você sabe que o tipo de música mudará rapidamente seguindo a evolução da história, você deve compor-la em ordem cronológica, caso contrário para a teoria da harmonia estabelecida poderiam acontecer coisas estranhas. Não é como escrever um tipo de canção em previsão a uma cena ou uma mudança narrativa específica que você já sabe que vai acontecer. É mais fácil compreender como a pista é misturada com a cena, tendo em conta também o estado mental de visão do espectador; é necessário que [a música] seja capaz de ressoar com o seu estado de espírito, seja de exaltação ou de tristeza. Então, no caso de um filme, a produção musical vai seguindo a ordem narrativa da história o tanto quanto possível. Naturalmente, isso não significa que a produção de CG e a dublagem também sigam o mesmo modo operacional, mas pessoalmente prefiro compor a música de um projeto seguindo a ordem natural da história, para escrever uma música pensando "quem sabe o que vai acontecer depois?" (risos).
● P: O que você pensou quando leu o roteiro de "Dragon Ball Super - Broly"?
○ Sumitomo: De acordo com o que ouvi, o mestre Toriyama estava encantado por poder reescrever ao seu jeito as origens de Broly, por isso o staff, por sua vez, tentamos renovar a nossa determinação [querer renovar a nossa própria abordagem]. Junto com o diretor, li o roteiro e pensei no tipo de trilha sonora adequada para cada cena. Página atrás de página lia e imaginava. A troca de opiniões que tivemos [eu e o diretor] durante a leitura esteve cheio de emoção e entusiasmo.
● P: Como você conseguiu compor a música seguindo o roteiro?
○ Sumitomo: Lendo o roteiro e observando o storyboard com tanta intensidade que quase o furei no meio... Estudá-los a fundo, consegui obter ideias adequadas para cada momento. Além disso, em algumas ocasiões, o diretor me pediu tipos específicos de música para algumas cenas e, como seus pedidos me lembravam as músicas antigas que eu já havia criado, peguei essas peças e as modifiquei aqui e lá para adaptá-las ao novo contexto. Todo o procedimento é sempre com uma música na mente e notas à mão. Quando acabei por me bloquear, em vez disso, pedi conselho diretamente ao diretor. No caso de algumas cenas tristes, queria perguntar quanta tristeza tinha que expressar, como com Broly, perguntei até que ponto a música tinha que refletir a sua mudança emocional. São elementos precisos sobre os quais eu tenho tendência a proceder com cautela e especial atenção. Na segunda parte deste filme eu não exagero se eu disser que há praticamente apenas temas de batalha e foi um grande desafio poder diferenciar uns dos outros. Compondo músicas que são muito parecidas entre si você corre o risco de se cansar, mas ao mesmo tempo se você compõe músicas muito diferentes você acaba perdendo esse sentido de "Unidade". Tendo em conta o aumento exponencial da necessidade do battle theme na fase intermédia do filme, já não sei quanto tempo passei olhando para o teto [procurando inspiração] (risos). Felizmente, o diretor não hesitou em me dar uma mão ao me ver em problemas, pensando comigo sobre como seria melhor se mover. Falando sempre do battle theme, por exemplo, além da orquestra, também decidimos usar músicas parecidas com as músicas encorajadoras. Foi este apoio ativo do diretor o que me permitiu continuar com o trabalho com facilidade. Me ajudou muito me dando suas sugestões.
● P: Só restam dois meses antes da estreia do filme "Dragon Ball Super - Broly" [nos cinemas japoneses]. Sr. Sumitomo, quer deixar uma mensagem para os fãs que a estão esperando?
○ Sumitomo: Quando estou em frente ao monitor escrevendo uma nova canção, eu sempre tento pensar em vocês os fãs que estão do outro lado da tela e tento compor pensando em suas emoções e suas expressões enquanto vêem o filme. Tenho a certeza que vão apreciar o que fizemos. Posso garantir que não vos sentirão decepcionados, por isso, peço-vos que mantenham as suas expectativas altas!
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